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TURISTA

by Bernardo Barata

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1.
AQUI NÃO SE APRENDE NADA Anseio o que não acontece E durmo para não acordar Do sonho que me leva daqui À terra onde nunca vivi. Eu sei que amanhã vai ser diferente Eu sei que amanhã vou estar contente Ausente Carente Estar contente Emocionalmente decadente, carente. Aqui não se aprende nada, não Aqui não se aprende nada Aqui não se aprende nada, não Aqui não se aprende nada Aqui não se aprende nada, não Aqui não se aprende nada
2.
A Fuga 03:36
A Fuga Não queria fugir e deixar-nos com tantas frases por dizer Mas o silêncio anda aí a ganhar terreno mais tarde ou mais cedo As noites repetem-se e eu perco o sentido de aqui estar Não queria fugir e deixar-me assim com tantas horas por contar Mas a euforia anda aqui a ganhar terreno, mais tarde ou mais cedo Os dias afundam-se e eu invento uma urgência para desligar Que culpa tenho eu de conseguir sair Não, não é nada contra ti Que culpa tenho eu de conseguir sair Não, não é nada contra ti Andava por aí a tentar saber Quantas vezes vão esmagar a ilusão E encará-la de viés, quantas máscaras vão cair aos meus pés? E quantas vezes vão dizer “Já sabias sem saber?” Quantas desculpas vou eu forjar só para me perder. Não queria fugir e deixar-vos com tantos erros por cometer Mas o cada um por si tornou pequeno, o que mais tarde ou mais cedo A noite revela ser um triste tropeço no meu andar Não queria fugir e deixar um universo adulterado por explorar Mas o afecto anda aqui virado do avesso, mais tarde ou mais cedo O dia assoma e eu reconheço que este não é o meu lugar Que culpa tenho eu de conseguir sair Não, não é nada contra ti Que culpa tenho eu de conseguir sair Não, não é nada contra ti Andava por aí a tentar saber Quantas vezes vão esmagar a ilusão E encará-la de viés, quantas máscaras me caíram aos pés? E quantas vezes vão dizer “Já sabias sem saber?” Quantas desculpas vão inventar só para me perder?
3.
Rapaz 02:27
Rapaz Rapaz Não fiques por aí a ver O barco a passar Rapaz Imagina só o que um dia Te poderá reservar Rapaz Cá fora a vida continua Fugaz É o ombro da mulher semi-nua Que só há-de ser tua Se tu correres atrás Rapaz Abraça a rapariga Eu sei que tu és capaz Rapaz, Nada vai acontecer Até saíres contigo à rua Rapaz Cá fora a vida continua Fugaz É o ombro da mulher semi nua Que só há-de ser tua Se tu correres atrás Por isso rapaz Não fiques por aí a ver O barco a afundar Que o mar só ajuda Quem quer navegar
4.
Canção de Amor Esta é uma canção de amor Para quem ainda não sabe sequer o que é bom, Nem tão pouco o que é mau Isso pouco lhe importa Só te posso dar o meu calor Mas sei que não me pedes mais pois estás bem Espero que venhas a ser Tudo o que eu não fui A vida nem sempre traz o que se quer Mas deu-me a ti e não há nada melhor que sentir-lhe assim o sabor e o ardor contigo em redor. Tenho o teu corpo suspenso em mim agarras-me os dedos, deixas-te ir e vão-se-me os medos e vão-se-me os medos.
5.
Cantar 02:32
Cantar O autocarro passou sem sequer eu dar por ele e uma senhora gorda pisou-me os pés e a minha namorada fugiu com o sacana do Paulo deixando a banheira entupida com os seus cabelos pretos no raio. Na tasca o café é rasca e no escritório as coisas não andam bem e o meu melhor amigo em vez de dizer "coitado" ri-se e diz "nha nha nhanha nha nha nha nha" Como a vida seria triste, triste Como a vida seria triste Se eu não pudesse cantar Os jornais estão cheios de pesadelos e as pessoas matam-se a torto e a direito e a polícia range os dentes os dos outros não os deles A honestidade está a venda na candonga E anunciam a subida dos rojões No escritório somos carne para canhões "Sejamos fires meus amigos! Eu farei baixar os preços!" Dizem eIes Mas antes passem pra cá os tostões! Como a vida seria triste, triste Como a vida seria triste Se eu não pudesse cantar.
6.
Já não dá 03:53
Já não dá Chegou a casa e disse "Já não dá!" Preciso de sentir que ainda sou gente As ruas estão repletas de pessoas descontentes A desabafar com quem vai ao lado Que esta terra é meio anjo, meio diabo "Já não dá!" Abriu as malas e disse "Já não dá!" Vamos embora para um país mais quente A mulher acena um sim com o olhar ausente E o filho, à porta do quarto, calado Que o destino é meio anjo, meio diabo Sobrevoou a cidade e disse "Já não dá!" Deixou para trás a família e os amigos Arrumou a vida às costas num só fardo Levou trapos, livros e retratos antigos Que a coragem é meio anjo, meio diabo "Já não dá!" Quando o coração aperta e "Já não dá!" Fazem gazeta de domingo a domingo. E prometem regressar um dia mais tarde Levam de volta vinho e a ternura de um abraço Que a saudade é meio anjo, meio diabo.
7.
Os Tempos 02:17
Os Tempos Quando olho para fora da janela Vejo tudo ao contrário Pode ser, simples paranóia Ou um erro de cenário Porque os tempos estão a chegar ao fim E o mundo não pode acabar assim O pavor do apocalipse Não faz bem, ao meu estômago E este mundo que bebe da mesma água Gole a gole, morre sôfrego Porque os tempos estão a chegar ao fim E o mundo não pode acabar assim E quando tudo desaparecer Não vai haver ninguém para te acudir
8.
Corações ao Alto Queria um coração bordado a vermelho-sangue sobre os corpos nus Queria um ceder pulsante num tête-à-tete errante movido a dejá vu Nos fios soltos de rosa e escarlate Desfiou-se sem querer a verdade E sobre cada pedaço de pele Sobraram linhas e linhas cruzadas Cruzes quebradas e restos de nada Criei um coração fechado verde-seco de chagas na cama para um Senti o cerco apertar na aorta e a artéria cava sem espaço nenhum No rio interno de oxigénio e sangue Abafado no compartimento estanque Soou por dentro do corpo O ritmo de um tambor errático A errar sobre um amor apático Vi um coração violeta-sagrado rodeado de chamas num cuidado debrum Apaguei o fogo com água benta, expiei o pecado e expus tudo ali a nu Ao fundo, o altar frio de mármore Reflectiu a luz-preguiça da tarde E o eco da porta a fechar Latejou no dedo mindinho Um medo leve e muito miudinho Lembrei o coração inundado a azul oceano há milénios atrás numa ilha a sul Sete anos de faz e desfaz, trama de ondas de mar, urdida sob escassa luz Os olhos leram no fundo de um livro As palavras do guerreiro perdido E o indicador sabia ao sal Do vai-vem de páginas sobre o peito Das lágrimas de homem desfeito e refeito Guardei o coração remendado branco-sujo de trapos num lugar aberto Coração sem religião ou pranto, sem altar ou recanto, sem qualquer aperto Guardei-o num pedaço de linho Púrpura, verde, branco e indigo Pulsou entre as compressas Bem seguro por mãos delicadas Que o uniram sem fechar nada Sem esperar nada
9.
Salvar o dia 02:43
Salvar o Dia Uma casa de papel que se desmonta Um fato amarrotado na mala Cacos, tijolos, areia na estrada E homens cansados de ser máquina A mulher, a miúda, a eterna loucura, De diabo no corpo, saiu, sumiu, sei lá Do nada anunciou o fim da ternura Entre restos de vinho ao jantar familiar Eu ouvi música nocturna durante o dia Era uma forma de calar a melancolia Do sol de sul, do vento de norte Da chuva na cara, da minha má sorte Alguém me salve a noite numa frase Como quem escreve nas ruas da cidade Fiz-me à estrada para tentar escapar Mas a única coisa que queria era voltar À voz embargada, à pele arranhada Ou a outra morada para me abrigar Sou rapaz, menino, eterno bandido Tenho o diabo no corpo, vadio E na prosa de um encontro ocasional Revelei a minha agonia banal Esta mulher bem parecida Fez do encontro um passeio Albergou-me no leito da noite para o dia Onde a outra foi esquecida Salvou-me o dia numa frase Como quem escrevia nas ruas da cidade E é mulher, miúda, eterna loucura Diabo no corpo, ficou, sei lá Do nada anunciou uma nova aventura No rumor da cidade Cidade a madrugar
10.
Rotina 03:22
Rotina Ele era um sujeito qualquer E saiu com a porta a bater Deixou em casa a mulher Cansada de tanto ansiar Uma companhia para o jantar Ele era um sujeito qualquer Chegou sem nada dizer E afirmou. "Não tenho nada a perder." Pediu um copo no bar E tragou-o sem sequer o poisar Quando eu me for embora Vê lá se dás que eu não estou Se eu partir agora Não te exaltes que eu vou Para poder andar por aí Eu só quero andar por aí Ele era um sujeito qualquer Que voltou ao amanhecer Na cama confessou à mulher Ter medo do medo e mais Ter medo de a perder Quando eu me for embora Vê lá se dás que eu não estou Se eu partir agora Não te exaltes que eu vou Para poder andar por aí Eu só quero andar por aí
11.
Lobos e Meninas Os lobos desceram à cidade. Vieram a coberto da neve, Quando o corpo da noite se deita E penteia os cabelos rio a rio. Solitárias, as adolescentes chamam-nos, Para os cambios dolorosos da paixão. Nos alpendres furtivos , Oferecem-lhes maçãs e veneno, Sangue e rosas. Hesitantes os lobos tocam-lhes Os corpos famélicos, Fáceis como a pele de uma rapariga-deusa. E quando tudo termina, Recolhem as memórias, aves desesperadas, E regressam à floresta, No ritmo ondulado da lua. Ao longe, as meninas ficam, A mão sobre o ventre, Tão esquecidas entre a folhagem rasgada e o frio soro da primeira neve.
12.

about

Ao mesmo tempo que continuo o trabalho com Diabo na Cruz, e depois de tocar em vários grupos como Oioai, Feromona ou o Real Combo Lisbonense, fica aqui o meu primeiro disco em nome próprio.

Gravado na Fábrica da Pólvora, nas Flores e no iá! entre 2010 e 2015.

Arranjos, gravação, mistura e masterização - Bernardo Barata.

credits

released November 16, 2015

license

all rights reserved

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about

Bernardo Barata Lisboa, Portugal

Músico / Produtor
Baixista em Diabo na Cruz e OIOAI

Anteriormente - feromona, Real Combo Lisbonense, O Clube.

Gravou ou trabalhou com Quais, Joana B. Vaz, Rosemary Baby, Minta & Brooktrout, Black Leg, David Pires, Chibazqui, Tiago Guilul, António Zambujo, Manel Fúria, Tv Rural, Wado, Mariana Norton, Erica Buettner, Gui Amabis, Capitão Capitão, José Castro, Márcia, Nick Nicotine's Orchestra, etc
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